Reitores querem "outro plafond" para dar resposta a problemas no alojamento de estudantes

O Conselho de Reitores esteve nesta terça-feira reunido e as dificuldades no alojamento dos estudantes deslocados foi elencado pelos como um dos problemas prioritários.

Os reitores querem "outro plafond" para as universidades poderem dar resposta ao problema do alojamento dos estudantes e dizem que este é um tema sobre o qual querem dialogar não só com o Governo, mas com todo o país.

"Todas as universidades, sem excepção, estão a tentar encontrar soluções dentro do seu enquadramento para apoiar os estudantes, e não só os beneficiários da acção social. Se o grande objectivo é atrair estudantes, é preciso dar resposta. Há uma grande diversidade de resposta, mediante a disponibilidade das instituições", disse à Lusa António Fontainhas Fernandes, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

CRUP esteve nesta terça-feira reunido e as dificuldades no alojamento dos estudantes deslocados foi elencado pelos reitores como um dos problemas prioritários, estando as instituições a tentar encontrar soluções dentro das suas possibilidades: reabilitar património, no caso daquelas que o têm, ou estabelecendo parcerias públicas, privadas ou com as autarquias, "para permitir alojamento a melhores preços".

Mas, admitiu Fontainhas Fernandes, não chega.

"Que meios temos nós para dar resposta a esses casos? Os últimos dois quadros comunitários não permitiram um investimento em acção social ao nível de infra-estruturas, as instituições têm dificuldades, têm que manter as regras de estabilidade orçamental, e, portanto, é preciso encontrar meios de financiamento para poder dar resposta. Os meios que estão a ser colocados, nós pensamos que é um assunto que poderemos dialogar com o Governo, mas teremos que encontrar outro plafond que possa também apoiar esta solução", disse.

Saída de alunos do sistema?

Querem discutir a questão não apenas com a tutela, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - que na segunda-feira anunciou um reforço de 2000 camas disponíveis para os estudantes até 2021 -, mas com todo o Governo, disse Fontainhas Fernandes, que teme que a lentidão na resolução do problema se traduza na saída de alunos do sistema.

Este é um dos temas que os reitores querem levar para uma discussão nacional sobre o ensino superior já a partir de Janeiro, com um conjunto de conferências que pretendem ser "uma agenda para a década" que se segue no que a políticas de ensino superior diz respeito.

"O país precisa de ter uma agenda para a educação, para a ciência, mas também para o ensino superior. E, portanto, o grande objectivo do CRUP é desenvolver um conjunto de iniciativas que têm por objectivo fortalecer o ensino superior e dar um contributo para um país mais próspero, qualificado e mais justo", disse Fontainhas Fernandes.

A necessidade de aumentar o nível de qualificação dos portugueses, a valorização do conhecimento ou até questões administrativas e de recursos humanos das instituições são temas que as universidades querem pôr em perspectiva até 2030.

Na reunião desta terça-feira, o CRUP reforçou a sua posição de "forte repúdio" relativamente às praxes violentas, face às notícias que marcaram o arranque do ano lectivo universitário, com vários casos de abusos noticiados e reportados às instituições.

"Estes casos que acontecem são sempre um sinal de alerta e motivo para redobrada atenção", disse o reitor da UTAD, a quem também preocupa que a extensão das praxes no tempo tenha depois impacto no aproveitamento escolar dos estudantes.

LUSA - 9 de Outubro de 2018