FUNÇÃO PÚBLICA Covid acelera modernização da administração pública.

Mudanças vieram para ficar

Teletrabalho, colaboração entre serviços, reuniões virtuais. Os funcionários públicos tiveram de se adaptar para manter a máquina a funcionar.

“Fomos todos testados. Colocados à prova. E a administração pública sentiu a necessidade de funcionar rapidamente”, resume a secretária de Estado da Inovação e da Modernização Administrativa em declarações ao Dinheiro Vivo.

Maria de Fátima Fonseca garante que a transformação está a acontecer e que a pandemia de covid-19 veio acelerar as mudanças. “Os dirigentes responderam ao desafio para que colocassem em prática um dispositivo de apoio para conseguir funcionar num ambiente de crise, mais digital”, garante a governante, apontando a “auto-mobilização da administração pública, com a produção de instrumentos de apoio às lideranças” – um “fenómeno curioso”, sublinha.

E é desta experiência que surge agora a Declaração Colaborativa que é assinada hoje por mais de uma dezena de dirigentes públicos que pretende manter viva a experiência que durante o período de confinamento devido à pandemia de covid-19 levou milhares de funcionários públicos para o trabalho à distância. No prazo de 30 dias, é criado um grupo de coordenação que deverá apresentar projetos de gestão ou utilização de novas tecnologias.

“Em pouco mais de duas semanas passámos a ter 68 mil pessoas em teletrabalho que já existia, mas que estava pouco estruturado”, indica a secretária de Estado da Inovação e Modernização Administrativa.

O objetivo é ter pelo menos 17 mil funcionários no trabalho à distância até ao final da legislatura, ou seja, 2023. Por exemplo, a Autoridade Tributária teve equipas inteiras a trabalhar a partir de casa, com mais de sete mil pessoas e teletrabalho. “A época covid teve o condão de ajudar as organizações a colocar na agenda o trabalho remoto. O que se pretende é o equilíbrio e acionar vários modelos de trabalho. Será normal estar em teletrabalho e estar no local de trabalho”, aponta. Os guias de apoio aos dirigentes da administração pública (AP) abrangeram áreas como a saúde mental, a comunicação interna ou a gestão de projetos à distância e é esse trabalho que o Governo não quer deitar ao lixo. “Surgiu em contexto covid, um guia de apoio às lideranças para gerir as equipas em ambiente digital, em ambiente de crise, em teletrabalho e reforçar os laços de colaboração à distância. E instrumentos de apoio para organizar a vida quando estão em teletrabalho, segurança e saúde no trabalho e até na saúde mental”, frisa a secretária de Estado. Aos poucos Maria de Fátima Fonseca rejeita adjetivar este trabalho que está em curso como uma revolução na pesada máquina do Estado. “A reforma da Administração Pública é uma transformação suave ao longo dos anos. Talvez a face mais visível tenha sido o Simplex”, lembra a secretária de Estado que prefere chamar-lhe “uma profunda transformação cultural”. Um dos pontos ainda em discussão é a avaliação dos trabalhadores, mas mais do que isso é a gestão. “O desafio não é tanto da avaliação dos trabalhadores, mas mais da gestão dos trabalhadores”. Também está prevista a criação de um “centro para o desenvolvimento de competências emergentes.