"Não há negociação". Sindicato do Ensino Superior alerta para problemas dos professores
Salários a perder poder de compra e falta de progressão na carreira são motivos de preocupação. Presidente do SNESup acusa Governo de se aproveitar do facto de os docentes do Ensino Superior não fazerem grandes protestos.
O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) alerta para a difícil situação dos professores universitários. Em declarações à Renascença este domingo, o presidente da estrutura sindical assegura que "os mecanismos de negociação" entre docentes e Governo "não estão a funcionar".
José Moreira aponta para muitos professores universitários estarem sem progressão na carreira há mais de 20 anos, devido à exigência de seis anos seguidos de nota excelente na avaliação, e diz que o Governo se tem esquecido destes profissionais.
"Nós compreendemos que os outros graus de ensino têm problemas, e sérios problemas, e devem ser resolvidos ou pelo menos entrar num caminho de resolução o mais depressa possível, o que nós não aceitamos é que os docentes do ensino superior sejam postos numa prateleira e os nossos problemas não sejam atendidos", atira o líder sindical.
"A capacidade reivindicativa dos docentes do ensino superior, mercê da sua própria idiossincrasia, maneira de estar, é completamente diferente dos outros graus de ensino", acrescenta José Moreira, sublinhando que "isso tem sido obviamente aproveitado pelas diversas tutelas para fazer de conta que não se passa nada".
José Moreira, pede uma "negociação séria" a Fernando Alexandre, ministro da Educação - e professor universitário até entrar no atual Governo -, esperando que siga um "caminho diferente" dos últimos governos.
O presidente do SNESup descreve que, na audição sindical que é habitualmente realizada, "nós vamos lá, dizemos aquilo que achamos e as tutelas fazem exatamente aquilo que entendem", pelo que "não há negociação, os mecanismos de negociação não estão, de facto, a funcionar".
Renascença, 25 ago, 2024 Teresa Almeida, João Pedro Quesado