Universidades portuguesas discutem hoje financiamento europeu para a ciência

Os reitores das universidades portuguesas discutem hoje, em Aveiro, o futuro do ensino superior e da investigação em Portugal, com o objetivo de duplicar o financiamento europeu para a ciência nos próximos dez anos.

O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) organiza a segunda convenção do ensino superior, que terá lugar na Universidade de Aveiro, na qual os reitores irão reunir e discutir a internacionalização e o financiamento da investigação em Portugal.

Segundo o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Fontainhas Fernandes, "as universidades portuguesas têm como ambição duplicar as verbas europeias que financiam a sua investigação, tanto no envelope nacional no próximo quadro de verbas comunitárias, como no Horizonte Europa, que irá ter 100 mil milhões de euros para distribuir por instituições de toda a União Europeia".

As universidades e os centros de investigação têm como objetivo "chegar aos dois mil milhões de euros para distribuir por instituições de toda a Europa", acrescentou.

De acordo com dados da Agência Nacional de Inovação, desde o início do Programa-Quadro Comunitário de Investigação e Inovação, o Horizonte 2020 (2014 a 2020), as entidades portuguesas captaram 685 milhões de euros de financiamento, sendo os principais beneficiários os centros de Investigação & Desenvolvimento, seguindo-se as universidades e as Pequenas e Médias Empresas.

No entanto, este valor poderá ultrapassar os 700 milhões de euros, com o apuramento de todos os concursos de 2018 ainda pendentes, chegando aos mil milhões no final do programa, em 2020.

"Nos anteriores dois programa-quadro, nós pagávamos mais do que recebíamos e, agora, já recebemos mais do que damos, mas a ideia do Governo é que se possa ir buscar o dobro para o próximo quadro", explicou o presidente da CRUP.

O diretor do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES), Pedro Teixeira, sublinhou que os programas europeus são "muito competitivos" e defendeu que as universidades e os centros de investigação portugueses devem ter "alguma seletividade do ponto de vista da sua estratégia de investigação" para que se destaquem numa determinada área, pois não será possível "aspirar a estar na primeira divisão em todas as modalidades".

O reitor da Universidade de Aveiro, Paulo Jorge Ferreira, defendeu a necessidade de atualizar o ensino superior, articulando-o com a investigação, acrescentando que "se as universidades não fizerem as mudanças necessárias, correrão o risco de na próxima década produzirem profissionais desatualizados".

"É necessário que as universidades entrem na próxima década a desenvolver novos métodos de trabalho que favoreçam mais as dinâmicas individuais, a articulação entre a aprendizagem e a pesquisa, a inovação e o risco", afirmou o reitor.

Para permitir que as instituições nacionais compitam em pé de igualdade no "mercado global de talento", acrescentou, são precisos "níveis de financiamento diferentes".

A 2.ª Convenção do Ensino Superior, dedicada ao tema "Investigação, Inovação e Ensino: os desafios para 2030", contará com a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, na sessão de abertura, e do ministro do Planeamento, Nelson Souza, na sessão de encerramento.

A primeira edição da Convenção do Ensino Superior foi realizada em janeiro, no ISCTE, em Lisboa

Lusa - 15 Março 2019