Estudantes acusam UMa de preferir juventude "passiva e conformada"

O encerramento das comemorações do 30.º aniversário da Universidade da Madeira ficou marcado pelas críticas dos estudantes à própria instituição.

Aludindo à "imensa panóplia de problemas existentes", Carlos Abreu, presidente da Associação Académica da Universidade da Madeira (AAUMa), destacou que a instituição "não fomenta nem aceita, de forma natural, o inconformismo dos seus estudantes, as suas reclamações ou a sua voz".
De frente para o reitor José Carmo e ladeado pelos docentes e funcionários da UMa, Carlos Abreu acusou: "Pede-se uma juventude ativa e interventiva e prefere-se uma juventude passiva e conformada", dizendo ainda haver uma tendência para "minimizar" a "relevância e existência" da juventude. Mas "urge falar", afirmou.
Carlos Abreu criticou também que o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, não tenha visitado a universidade madeirense nesta legislatura e defendeu a revisão do sistema de financiamento das universidades portuguesas, considerando que as instituições periféricas e ultraperiféricas "precisam de mais incentivos e apoios para poderem competir num quadro de igualdade com as suas congéneres".

Nesta cerimónia, que assinalou o Dia da Universidade da Madeira, no Colégio dos Jesuítas, um dos momentos altos foi a atribuição do título de doutor `honoris causa ao americano Larry LeRoy Constantine, um dos pioneiros da informática e que, mais recentemente, lecionou como professor catedrático convidado da UMa. O professor, entretanto jubilado, agradeceu e emocionou-se a falar da sua experiência na Região.
"Espero que se mantenha em contacto connosco e que continue a dar visibilidade à nossa universidade, que também é sua", desejou o reitor José Carmo.
Em dia do 30.º aniversário, o reitor apresentou contas e disse que a instituição já diplomou cerca de 13 mil alunos, o equivalente a "5% da população" da Região, mas advertiu para o "enorme subfinanciamento público do ensino superior em que a dotação do Orçamento do Estado não chega a suportar 80% das despesas com os recursos humanos".
Disse ainda que "há quem defenda" que mais de 60% dos universitários insulares estudam no continente "porque não têm, nas regiões autónomas onde vivem, a licenciatura que pretendem obter", e que se houvesse desde o início uma "discriminação positiva" como a majoração que foi agora consagrada no Orçamento do Estado, a UMa poderia hoje "oferecer um número de licenciaturas muito superior".

Alberto Pita