Há universidades a permitir que exames do 1.º semestre sejam feitos no Verão

Algumas instituições adiaram as avaliações previstas para as próximas semanas ou criaram épocas especiais no final do ano lectivo. Poucos exames estão a ser feitos presencialmente, apesar de essa ser uma possibilidade.

Há exames do ensino superior que deviam ser feitos nas próximas semanas e que só serão realizados no Verão, no final do ano lectivo. Essa foi uma das soluções encontradas pelas instituições para se adaptarem às duas semanas de suspensão das actividades presenciais. A maior parte dos exames está a ser realizada online e as aulas transitaram para o regime de ensino à distância.

A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa transferiu para o Verão (24 de Junho a 1 de Julho) os exames do semestre de Inverno que ainda não tinham sido realizados, e que estavam previstos para as próximas semanas. Ao contrário do que é habitual, as provas do 1.º semestre serão feitas depois das do 2.º, que estão marcadas para o final de Maio.

Esta faculdade “não foi a única” da Universidade de Lisboa a adiar avaliações para o final do ano lectivo. Pelo menos a Faculdade de Medicina Veterinária também tomou a mesma decisão, adianta ao PÚBLICO o vice-reitor Eduardo Pereira. Na semana passada, na sequência da decisão do Governo, a reitoria da Universidade de Lisboa recomendou às suas faculdades que as avaliações presenciais fossem adiadas “até que a evolução da pandemia permita a realização dos exames em formato presencial.”

Na Universidade do Porto, a solução é diferente, mas também faz transitar para o final do ano lectivo parte dos exames que deviam ser feitos até ao final deste mês. Foi criada uma época especial de avaliações, no Verão, a que poderão recorrer todos os estudantes. “Temos que admitir que há estudantes que não se sentem confortáveis em fazer os exames nesta altura”, justifica o reitor, António Sousa Pereira.

Também a Universidade de Coimbra terá uma época especial de avaliações no final do ano, que será alargada até 10 de Setembro. Na Universidade do Minho, foi criado um período alternativo de avaliação, para “estudantes comprovadamente impedidos de fazer a avaliação” por motivos relacionados com a covid-19.

A primeira chamada das avaliações na Universidade do Porto terminou no sábado e, para as próximas duas semanas, está marcada a segunda chamada. A instituição entendeu que os alunos “já tinham feito um investimento grande a estudar para os exames” das próximas duas semanas e decidiu manter o calendário. A maior parte das provas será feita online, mas há casos, como os da Faculdade de Engenharia, em que a maioria dos alunos mostrou preferir fazer os exames presencialmente, o que foi aceite pela direcção da faculdade. Em casos como esse, “serão reforçadas as medidas de segurança”, garante Sousa Pereira.

A manutenção de alguns exames em regime presencial é uma possibilidade admitida pelo próprio Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, nas orientações enviadas na semana passada às instituições de ensino superior. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO junto de universidades e politécnicos, apenas 15 a 20% dos exames serão feitos nas salas de aulas. Os restantes transitam para o formato online.

No ensino superior, as instituições podem definir o seu próprio calendário lectivo. Apesar de estas serem semanas de exames para a maioria, havia ainda casos onde estavam a decorrer aulas no momento em que o Governo decidiu suspender as actividades presenciais. As disciplinas transitaram imediatamente para o modelo à distância.

Noutros casos, o início do semestre foi antecipado, ocupando o espaço que estava destinado às avaliações. Independentemente do momento em que vão ser retomadas as aulas, o que é certo para as instituições do ensino superior é que estas terão que ser feitas online para lá dos 15 dias inicialmente apontados. “Estamos prontos para iniciar o 2.º semestre dessa forma”, anuncia o presidente do Instituto Politécnico de Bragança, Orlando Rodrigues. A situação pandémica que levou ao encerramento do sector da Educação “não se resolve em duas semanas”, reconhece António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, onde o regresso às aulas, previsto para a segunda quinzena de Fevereiro, será “100% à distância.”

Samuel Silva 27 de Janeiro de 2021, Público