Perto de cem relatos de assédio na Universidade do Minho

A Associação Académica recolheu os relatos através de um questionário digital na sequência das denúncias feitas nas redes sociais e de um grupo de estudantes se ter manifestado contra o assédio sexual.

Um questionário digital da Associação Académica da Universidade do Minho resultou em cerca de uma centena de exposições de assédio moral e sexual. Este decorreu na sequência das denúncias públicas ocorridas em novembro passado, que passaram sobretudo pela página de Instagram Denuncia.Uminho, e da manifestação de um grupo informal de estudantes que se lhe seguiu no início de dezembro.

Segundo explicou Rui Oliveira, o presidente da associação estudantil em fim de mandato, ao jornal O Minho, estas denúncias foram expostas à Reitoria “a fim de encontrar formas de aumentar a segurança nos campi”. A AAUM também reuniu “com as autoridades de segurança pública para dar nota destes casos e encontrar soluções que garantam que os estudantes se sentem seguros no percurso entre a Universidade e as suas residências”.

Depois da multiplicação das denúncias nas redes sociais, a reitoria tinha criado um “grupo de missão” com o objetivo de elaborar orientações de prevenção e combate ao assédio na Universidade do Minho. As recomendações do grupo terão já sido entregues ao reitor mas ainda não são conhecidas.

O grupo de estudantes que organizou a manifestação espera este documento mas propõe, desde já, a criação de um gabinete onde os alunos possam entregar as suas queixas de assédio. Maria Madureira, uma das dinamizadoras, considera que “o assédio é um problema sistémico na sociedade e a universidade não é mais do que uma parte da sociedade, um organismo vivo com estudantes, professores, funcionários, investigadores, mas um caso de assédio de um aluno para um aluno não pode ser resolvido da mesma forma que o assédio de um professor para um aluno”. Assim, “não havendo um órgão oficial para o qual devamos endereçar as queixas, se eu sofrer assédio de um professor, não o comunicarei à direção do curso, porque são colegas e poderiam criar um conflito de interesses, não farei queixa à associação académica, penso que não é o local apropriado”.

O seu colega Daniel Cunha acrescenta que “por o assédio nos termos legais não ser criminalizado de maneira geral é importante que a universidade enquanto organização estabeleça claramente, no seu código de conduta e ética em que consiste o assédio e quais são os comportamentos recriminados pela instituição”. Neste momento, “a universidade no seu código de conduta e ética só menciona que não são toleráveis atos de assédio, não desenvolve mais do que isto”.

Esquerda - 4 de Fevereiro, 2022