Consultas na Cuf e na Luz passam a custar 35 euros aos beneficiários da ADSE

Pouco a pouco, os grupos privados disponibilizam informação sobre as novas condições de acesso às suas unidades após a suspensão das convenções com a ADSE. Os novos valores estão em linha com os preços das seguradoras e a despesa pode, depois, ser enviada para o subsistema reembolsar

As consultas de especialidade nas unidades Cuf e da Luz Saúde vão passar a custar 35 euros aos beneficiários da ADSE, face aos atuais cerca de 4 euros de co-pagamento que são cobrados ao abrigo do regime convencionado.

A José de Mello Saúde (JMS) e a Luz Saúde suspendem as convenções com a ADSE a partir de 12 e 15 de abril, respetivamente, e pouco a pouco vão dando conta das novas condições de acesso às suas unidades pelos beneficiários do subsistema de saúde dos funcionários públicos.

Os clientes da ADSE que recorrem às unidades Cuf, geridas pela JMS, vão passar a usufruir de uma “tabela especial”, segundo um comunicado disponível no site da empresa (www.saudecuf.pt) dirigido aos beneficiários da ADSE. “Para as marcações para data posterior a 12 de abril foi criada uma tabela especial que teve por base um conjunto de princípios”, é referido.

O Expresso apurou que estas condições são extensíveis aos beneficiários da ADM - Assistência na Doença aos Militares (que abrange militares no ativo e na reserva e os seus familiares), já que, a partir de 1 de abril, as unidades Cuf deixam de ter convenção com o Instituto de Acção Social das Forças Armadas (IASFA).

Este preçário é “aplicável a todos os beneficiários da ADSE, sem restrições” e, garante a JMS, é “o mais ajustada possível ao regime livre, para posterior pedido de reembolso”. Ou seja, os utentes ficam sujeitos a uma espécie de co-pagamento, como acontece com o regime convencionado ou com os seguros, mas este valor pode, depois, ser enviado para a ADSE para ser comparticipado ao abrigo do chamado regime livre (que existe para as unidades de saúde que não tem acordo com a ADSE).

Os novos preços são mais vantajosos “face a clientes particulares” e estão “em linha com as condições existentes nas principais seguradoras”. Além disso, passa a ser aplicada a “tabela de atos médicos definida pela Ordem dos Médicos e melhor ajustada à medicina atual” – esta tem sido uma das reivindicações dos grupos privados nas negociações com a ADSE.

A JMS menciona ainda que procedeu a um ajustamento nos preços “suprindo desequilíbrios existentes entre as várias áreas clínicas” e frisa que “a tabela especial para beneficiários mantém valores na oncologia, imagiologia, fármacos, entre outros”, mas atualiza valores de consultas “que se mantinham inalterados há 20 anos”. No comunicado é garantido ainda que há reduções de valores “em algumas áreas, nomeadamente nas diárias de internamento”.

Os novos preços não figuram no site e contactado o atendimento telefónico do Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa, é dito que “não será disponibilizada uma tabela” e que a informação sobre os custos será dada no momento da marcação de exames ou no caso de um procedimento cirúrgico “é feita uma simulação”. É ainda mencionado que “os preços são semelhantes aos praticados por uma seguradora” e que uma consulta custará 35 euros e uma ida ao atendimento médico permanente (serviço de urgência) passa a custar 40 euros.

Estas despesas são adiantados pelos doentes que depois têm que aguardar pelo reembolso da fatura pela ADSE, de acordo com as regras do regime livre que é menos vantajoso do que o regime convencionado.

As unidades Cuf têm cerca de 185 mil clientes que estão inscritos na ADSE, de acordo com informação recolhida pelo Expresso.

Em relação à Luz Saúde, a partir de 15 de abril, também haverá “condições especiais de preços e de financiamento de cuidados”, de acordo com o comunicado da empresa, divulgado no passado dia 12 de fevereiro, quando foi a anunciada a decisão de ‘romper’ com o subsistema dos trabalhadores do Estado.

No site da empresa não consta informação sobre estas “condições especiais” e contactado o Hospital da Luz, em Lisboa, é referido que, por enquanto, ainda “só temos informação sobre o preço das consultas a partir de 15 de abril, que são 35 euros”.

A restante informação deverá ir sendo disponibilizada aos beneficiários que, nos próximos dias, contactem as clínicas e hospitais da Luz, apurou o Expresso. As unidades da Luz Saúde tratam cerca de 250 mil beneficiários da ADSE, refere o comunicado da empresa.

Ana Sofia Santos - Expresso on line