Superior gere 340 milhões em fundos para a Ciência
Universidades e politécnicos conseguiram financiamento europeu do Horizonte 2020 para quase mil projetos entre 2014-2018. Grande parte financia a excelência científica
INVESTIGAÇÃO As instituições de Ensino Superior já conseguiram ir buscar ao Horizonte 2020, Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação, 340 milhões de euros em fundos europeus para a Ciência. É metade do total arrecadado, estando a outra parte distribuída por grandes empresas, pequenas e médias empresas (PME) e laboratórios privados.
E daqueles 340 milhões de euros, 30% vão diretamente para financiar a investigação de topo, os melhores dos melhores.
De acordo com os dados facultados ao JN pelo Gabinete de Promoção do Programa Quadro (GPPQ), entre 2014-2018, Portugal conseguiu financiar 1591 projetos e 458 coordenações de projetos em 685 milhões de euros. No total, foram apresentadas 11.180 propostas, fixando-se a taxa de sucesso nos 14,23% contra uma média da União Europeia de 12,46%.
As universidades e os institutos politécnicos garantiram, então, 340 milhões para um total de 954 participações, a que se somam 200 coordenações.
À cabeça, com 30%, surge a Universidade de Lisboa, a maior dos país, com 103 milhões.
Segue-se a Nova de Lisboa, com 62 milhões, e a Universidade do Porto, com 59 milhões. Coimbra e Minho fecham o top 5, com 32 milhões e 28 milhões, respetivamente.
CIÊNCIA AO NÍVEL OLÍMPICO
Mais de cem milhões de euros são garantidos pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) que financia bolsas individuais de alto nível. Aqui, explica ao JN a coordenadora dos Pontos de Contacto Nacionais do GPPQ, Mafalda Dourado, "são financiados os melhores dos melhores, estando o financiamento centrado no investigador, na ideia". São três tipos de bolsas: Starting Grant, até 1,5 milhões; Consolidator Grant, até 2,5 milhões; e Advanced Grant, até 3,5 milhões.
Estas últimas são para investigadores com um curriculum excecional nos últimos dez anos. É o nível olímpico da Ciência. Focado no cientista e na ideia. "Não podem ser coisas que já existem, Têm que ser disruptivas", explica ao JN Elvira Fortunato, a primeira investigadora a conquistar uma Advanced Grant, em 2008, e a ganhar também a maior bolsa alguma vez atribuída - 3,5 milhões de euros, em 2008 [ler ao lado].
Ao ERC seguem-se as bolsas Marie Curie, com as instituições de Ensino Superior a assegurarem quase 300 bolsas num valor global de 64 milhões de euros. Refira-se que, em dez anos de ERC, Portugal conseguiu uma centena de bolsas, das quais 46 eram Advanced.
77 mil milhões de euros é a dotação do Horizonte 2020 - ProgramaQuadro Comunitário de Investigação & Inovação para o período 2014-2020. O seu sucessor, o Horizonte Europa, contará com quase 98 mil milhões de euros.
NA PRIMEIRA PESSOA
"Nada aparece aqui sem trabalho"
Elvira Fortunato
Cargo: Dir. Cen. Inv. de Materiais do Lab. Ass. i3N, vice-reitora da Nova
Um quarto das bolsas ERC atribuídas em Portugal estão na Nova de Lisboa. Os dados são de Elvira Fortunato, vice-reitora, mas, também, a investigadora portuguesa que conquistou já duas Advanced Grant: de 2,25 milhões, em 2008, e de 3,5 milhões dez anos depois. "Nada aparece aqui, sem trabalho", diz ao JN. E se "todos os dias são milhares os artigos que saem, é fundamental estarmos sempre muito bem atualizados". A ideia, diz, tem que "sair da caixa". Como a sua, que se propõe revolucionar a forma como se fabricam os circuitos integrados e componentes de eletrónica sem recorrer ao silício e explorando materiais amigos do ambiente. Com a primeira bolsa, montou o laboratório de nanofabricação. Com a segunda, irá agora comprar um segundo microscópio com resolução maior.
Três pilares
O Horizonte 2020 assenta em três pilares fundamentais: Excelência Científica, Liderança Industrial e Desafios Societais.
Conselho Europeu
Aquando da apresentação do novo Horizonte Europa, o comissário Carlos Moedas anunciou a criação do Conselho Europeu de Inovação para apoiar diretamente os inovadores.
Jornal de Notícias - 7.03.2019 Joana Amorim
