Há 20 novos cursos no ensino superior e mais de um terço são de engenharia

Entre os novos cursos, a Universidade do Porto criou o de Engenharia Geoespacial e o Politécnico do Cávado e do Ave o de Engenharia Informática Médica. ISCTE abre o curso de Ciência de Dados.

Oito dos 20 novos cursos superiores que vão abrir no próximo ano lectivo são Engenharias. Esta era já a área de estudos com mais vagas no concurso nacional de acesso, mas as instituições decidiram reforçar a sua aposta. No total, há quase 9400 lugares para quem pretende ser engenheiro.

Estas novas formações no ensino superior totalizam 505 vagas no concurso nacional de acesso. Há dois novos cursos de engenharia em institutos politécnicos: o do Cávado e do Ave, em Barcelos, criou um curso de Engenharia Informática Médica, ao passo que o Politécnico de Viseu tem agora oferta de Engenharia Alimentar.

Nas universidades, há novas formações em Engenharia Electrónica e Telecomunicações e Engenharia Civil (Universidade da Madeira), Engenharia e Gestão Industrial (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e Bioengenharia e Engenharia Alimentar (Universidade do Algarve). Já a Universidade do Porto criou um novo curso de Engenharia Geospacial.

A área de estudos de Engenharia e Técnicas Afins tem sido, ao longo dos últimos anos, aquela em que são disponibilizadas mais vagas no concurso nacional de acesso – sempre acima dos 9000 lugares. Este ano totaliza 9382.

Os outros cursos noutras áreas que abrem vagas este ano e não abriram no ano passado são Gestão e Planeamento em Turismo (Universidade de Aveiro), Matemática e Aplicações (Universidade da Beira Interior), Enologia (Universidade de Évora), Negócios Internacionais e Estudos Portugueses (Universidade do Minho), Finanças, (Universidade de Lisboa, ensino em inglês), Audiovisual e Multimédia (Instituto Politécnico de Beja), Desporto (Instituto Politécnico do Porto), Zootecnia (Instituto Politécnico de Santarém) e Gestão da Edificação e Obras (Instituto Politécnico de Tomar).

Entre os novos cursos, destaque também para o de Ciência de Dados criado pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Esta formação superior funciona em dois regimes (diurno e pós-laboral), totalizando 70 novos lugares a partir do próximo ano lectivo.

ISCTE é o que mais aumenta número de vagas

É por via desta nova oferta que o ISCTE é a instituição de ensino superior que mais aumenta o número de vagas neste ano. São mais 66 lugares. As Ciências de Dados e as Competências Digitais são as duas áreas que mereceram tratamento excepcional do Governo no concurso deste ano. Foram as únicas em que as instituições de Lisboa e do Porto não teriam de fazer cortes no número de vagas.

A outra instituição das duas principais cidades do país que aumentou o número de lugares foi a Universidade do Porto (mais 53 vagas). Este aumento acontece “exclusivamente em resultado do indicador de excelência”, o critério criado pelo Governo que faz aumentar o número de vagas em cursos em que o número de candidatos com média superior a 17 é superior ao total de lugares disponível, explica a vice-reitora da instituição Maria de Lurdes Fernandes.

Aquela responsável mostra-se satisfeita com o resultado das regras aplicadas este ano pelo Governo, em oposição ao que acontece no ano passado. “Como veio a provar-se, as regras do ano passado não resultaram como forma de atrair mais pessoas para o interior”, afirma.

O concurso de acesso ao superior deste ano tem um total de 50.860 vagas. Destas, 28.236 (56%) estão nas universidades, mais 98 do que no ano passado. Já os politécnicos perdem 90 lugares face a 2018. Estão agora a concurso 22.624, 44% do total – menos um ponto percentual do que no ano passado.

O presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos, considera que os institutos politécnicos foram os “mais prejudicados” pelas novas regras para a fixação de vagas para o ensino superior.

A quebra verificada nos institutos politécnicos é sobretudo justificada pela diminuição do número de vagas nas duas maiores instituições deste subsistema, o Politécnico de Lisboa, que reduziu 55 vagas, e o Politécnico do Porto, que perde 43.

Os politécnicos “tinham avisado” o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de que este seria o resultado no seu parecer ao despacho orientador da fixação das vagas. O subsistema “acabou por perder” com a aplicação das novas regras, um resultado que “obriga a uma reflexão no próximo ano”, considera Pedro Dominguinhos.

É também um politécnico a instituição de ensino superior que perde mais vagas no concurso nacional de acesso deste ano. Trata-se do Politécnico de Santarém, que terá menos 70 lugares. Trata-se de uma situação específica que se prende com o facto de a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) não ter autorizado a abertura de um novo curso nesta instituição.

Em sentido contrário, seis politécnicos aumentam vagas, sendo que as principais subidas se verificam nos politécnicos de Bragança (mais 39) e Guarda (35).

Samuel Silva - 18 de Julho de 2019, Público