Salários dos professores

A OCDE acaba de publicar um relatório sobre educação. Gerou grande controvérsia, entre nós, por causa dos salários dos professores. Confesso que não o teria lido não fora uma entrevista que ouvi a Mário Nogueira, dizendo que os professores portugueses não ganham mais que os seus colegas de outros países (consideremos a área do euro, por facilidade de comparação).

Ouvi e não quis acreditar. A minha expectativa era que ganhassem bastante menos, em linha com as diferenças de produtividade global, de PIB e de rendimento per capita entre Portugal e os outros países da área do euro. É assim com praticamente todos os trabalhadores portugueses.

Os salários dos professores do básico e secundário em fase adiantada das carreiras são iguais aos franceses e superiores aos italianos

Fui verificar. Francamente abaixo dos alemães e holandeses, os salários dos professores do ensino básico e secundário portugueses em fase adiantada das suas carreiras estão pouco abaixo dos finlandeses, são iguais aos franceses e aos espanhóis e superiores aos italianos, quatro países com níveis de PIB e de rendimento per capita bem acima do nosso.

Os salários iniciais comparam menos favoravelmente, evidenciando o efeito das progressões automáticas, ao longo da carreira. É um dos resultados da captura do Estado português pelos sindicatos dos professores. Com um salário que é cerca de 40% do finlandês, 45% do francês, 50% do italiano e 60% do espanhol, o português médio paga de impostos tanto como os cidadãos destes países (a taxas de tributação que, portanto, se aproximam do dobro) para que os salários dos seus professores sejam iguais aos praticados nestes países.

Daniel Bessa - Expresso