Universidade do Minho soprou velas de aniversário em Guimarães

“Apesar dos 48 anos, a universidade tem um aspeto ainda jovem”, diz uma aluna caloira

Guimarães recebeu, esta quinta-feira, pela primeira vez, as comemorações do aniversário da Universidade do Minho. A academia minhota assinalou os seus 48 anos, nas instalações recentemente inauguradas do Teatro Jordão. Nos campi de Azurém (Guimarães) e Gualtar (Braga), nem todos os alunos sabiam que o dia esta especial.

Domingos Bragança aproveitou a oportunidade para destacar a “cooperação institucional” entre a Câmara Municipal e a UMinho, afirmando que este laço, “convictamente cultivado pelos responsáveis destas duas instituições, que tem permitido que Guimarães se afirme, cada vez mais, como cidade universitária, de ciência, de educação e cultura”. 

O presidente da Câmara de Guimarães aproveitou a oportunidade para anunciar recebeu a informação de que o Ministério das Finanças desbloqueou o processo que estava a bloquear a candidatura para a instalação de uma residência universitária nas instalações da Escola de Santa Luzia, na rua Francisco Agra, em Guimarães. Esta proposta foi apresentada ao Tesouro, em junho de 2018, para resolver um dos principais problemas apontados pelos estudantes universitários em Guimarães, a falta de alojamento a preço acessível.

Reitor RCastro

Rui Vieira de Castro. Foto: Rui Dias / O MINHO

O reitor da, Rui Vieira de Castro, agradeceu ao Município de Guimarães a “generosidade de quem coloca estes edifícios à disposição da UMinho para o desenvolvimento da sua atividade pedagógica e científica”. Para o reitor, “Guimarães assume-se como cidade universitária” e assume como seus “os objetivos e os projetos da UMinho”.

UMinho ultrapassou os 20 mil alunos

Rui Vieira de Castro destacou a dimensão que a UMinho está a atingir, tendo ultrapassado, no final do ano passado, os 20 mil alunos, mas queixou-se de o financiamento não acompanhar este crescimento, “com efeitos na renovação geracional do corpo docente e da sua progressão e também da requalificação das suas estruturas”.

O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, Duarte Lopes, pede que sejam confiadas mais responsabilidades aos estudantes. “Não somos meramente jovens desligados ou irresponsáveis e se o somos é porque ainda não sentimos o peso da responsabilidade decisória”, afirma o dirigente estudantil.  Duarte Lopes lembra que em breve haverá um processo de revisão estatutária, “onde teremos oportunidade de pôr à prova se discursos institucionais sobre a importância da participação estudantil se referem a mudanças palpáveis…”

Nos campi, nem todos os alunos se apercebem da comemoração

António Vilarinho, tem 18 anos e é estudante do primeiro ano do curso de Engenharia de Industrial, no polo de Azurém, e não sabia que hoje era o dia de aniversário da Universidade. É o segundo elemento da família a estudar na UMinho, a primeira foi a tia, de 54 anos, “que ainda estudou no Palácio Vila Flor, antes de ser construído este campus”. 

A UMinho não foi a primeira escolha de António, que queria ter entrado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, mas agora está satisfeito. “Os professores são acessíveis, são mais próximos dos alunos do que no Porto e isso é muito bom”, afirma.

Leonor Moura, de 18 anos, é aluna de Ciências da Comunicação, no polo de Gualtar, em Braga. Sabe que a Universidade hoje está de parabéns, “apesar dos 48 anos, tem um aspeto ainda jovem, até porque, estive aqui há 10 anos e reparo que continua a crescer”.

“Em termos de instalações estou a gostar e os professores são muito acessíveis. O que tem sido um choque é a exigência, muito superior à do ensino secundário”, afirma. Leonor queixa-se da falta de transporte que a obriga a ficar em Braga, apesar de ser do concelho vizinho, de Guimarães. “Moro na vila de Ronfe e há poucos transportes, por isso fico por cá toda a semana”.

Francisca Andrade, aluna do primeiro ano de arquitetura, no polo de Azurém, faz apreciações distintas dos edifícios do campus. “A nossa escola é um edifício bom, é mais atual. Já aqui ao lado, o edifício verde é feio, um horror [Instituto para a Biosustentabilidade]”, comenta.

Relativamente ao convívio entre os polos de Guimarães e Braga, Francisca reconhece que é pequeno. “Fui a Gualtar uma vez, para ouvir o reitor, na receção aos caloiros”.

David Malheiro, tem 19 anos, estuda Engenharia de Gestão Industrial, em Guimarães, mas vive em Braga. Como ele muitos outros, reconhecem os alunos. O principal motivo é a falta de oferta e os preços elevados do alojamento na Cidade Berço.

O Minho – Rui Dias, 17 de fevereiro 2022