UM DE NÓS José Emílio Palmeira

“Não há nada melhor do que enfrentar e superar os desafios”

Emílio

Está há 33 anos no Instituto de Educação (antes, Unidade de Ciências da Educação), tendo desempenhado diversas funções

Emílio 1

O técnico de informática ingressou em 2001 na licenciatura em Educação e, de seguida, no mestrado; este ano letivo, decidiu-se pelo doutoramento

“Quando ingressei na Universidade, a estrutura era muito pequena e sentíamo-nos quase como uma segunda família”, recorda

José Emílio Palmeira

Nasceu há 57 anos em Braga. Chegou à Unidade de Ciências da Educação da UMinho em 1988 e foi distinguido, em 2019, por 30 anos de serviço público. Neste entretanto, quis estudar. Ingressou na licenciatura em Educação em 2001, depois no mestrado e, este ano letivo, começou o doutoramento na área da Tecnologia Educativa.

Como chegou à Universidade do Minho?

Cheguei à Unidade de Ciências da Educação da Universidade do Minho, o atual Instituto de Educação (IE), no dia 1 de março de 1988, através do programa de Ocupação Temporária dos Jovens, do Instituto da Juventude, pois tinha acabado de sair do serviço militar obrigatório. Em 1989, o professor Manuel Cuiça Sequeira, então presidente, convidou-me para dar continuidade ao meu trabalho na Unidade e assim foi... até aos dias de hoje.

O seu percurso profissional esteve sempre ligado à Educação?

Sim, sempre na estrutura que se tornou no IE. Inicialmente desempenhei funções no Centro de Estudos Educacionais e Desenvolvimento Comunitário (CEEDC, atual CIEd - Centro de Investigação em Educação) e na Revista Portuguesa de Educação, que nascia como a primeira do país na área. Depois, desempenhei funções na reprografia e ia apoiando os docentes na sala de informática. Também trabalhei no Centro de Publicações, onde se formatava e publicava livros científicos, revistas, atas de congressos e edições periódicas de docentes e investigadores do IE. Passei então para a carreira administrativa e secretariei três departamentos. Em 2000, entrei na carreira informática, aonde permaneço. Já fiz um pouco de tudo, porque também gosto de ajudar e colaborar na resolução dos problemas, sempre que surgem.

Que funções desempenha atualmente?

Sou técnico de informática. Dou apoio aos docentes, aos colegas e aos estudantes. Esse apoio consiste na instalação de software, na configuração dos sistemas operativos, na manutenção dos laboratórios de informática e dos computadores dos docentes e técnicos. Presto apoio às atividades pedagógicas, nomeadamente na preparação, configuração e instalação de software nos computadores desses espaços. Também apoio a orçamentação e aquisição de equipamentos informáticos, software e periféricos.

Em 2001, entrou para a licenciatura em Educação e, logo a seguir, prosseguiu para mestrado. Porquê?

O objetivo da licenciatura foi obter qualificações académicas, conhecimentos e competências para desempenhar melhor as minhas funções profissionais. Também foi um desafio pessoal. Como gosto de desafios, nada melhor do que enfrentá-los e superá-los. Depois desta experiência, que me deu muito gosto e vontade de continuar, ingressei no mestrado em Educação, na área de Especialização em Formação, Trabalho e Recursos Humanos.

Que metas pessoais e profissionais pretende alcançar, agora, com a frequência do doutoramento?

Prosseguir para doutoramento era um objetivo já delineado assim que terminasse o mestrado. Mas surgiram imprevistos, nomeadamente alguns que eu não podia controlar. Este ano voltou a surgir a possibilidade e não hesitei: candidatei-me e ingressei no doutoramento em Ciências da Educação, na Especialidade de Tecnologia Educativa. Estou certo que me enriquecerá e me dotará de mais qualificações ainda. Sinto que serei depois capaz de desenvolver outro tipo de competências, tanto profissionais como pessoais.

O que o marcou mais ao longo do seu percurso pela UMinho?

A UMinho mudou muito ao longos dos tempos, naturalmente devido ao seu crescimento abrupto, tanto na oferta educativa como na dimensão. Quando ingressei na universidade, a estrutura era muito pequena, as pessoas conheciam-se e sentíamo-nos quase como uma segunda família. Faziam-se convívios, sem dificuldades nem estigmas, entre docentes e funcionários. Conheciam-se os cônjuges e os filhos. Com o crescimento inevitável da UMinho, tornou-se tudo mais “industrial” e as pessoas começaram a não conviver tanto entre si, no sentido lato. A própria universidade também não tem feito nada para promover o convívio entre os trabalhadores, o que vai causando o natural afastamento entre todos.

Que alterações prevê que venham a acontecer nesta instituição e no ensino universitário, em geral?

A UMinho depara-se com um grande problema geral: a média de idades muito elevada no corpo docente e no corpo dos trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão. Tenho constatado que os docentes que se aposentam não são substituídos em igual proporção por outros e isso pode criar problemas nos diversos ciclos de ensino. No que respeita aos trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão, parece-me que a situação não é tão grave, mas também acontece. Relativamente ao ensino universitário, e de uma forma global, estou em crer que a tendência será a de um ensino híbrido, onde se concilia o ensino presencial com o ensino a distância, com recurso cada vez mais consolidado às plataformas criadas para o efeito.

  Algumas notas breves sobre si

  Na gaveta da minha secretária guardo alguns apontamentos e alguns souvenirs oferecidos.

  Mal entro no carro, ligo o rádio para ouvir a Comercial, mas em casa prefiro ver televisão.

  Considero-me uma pessoa ponderada, mas penso que os outros me acham uma pessoa porreira.

  Num jantar, em família, não dispenso um bom vinho.

  Ao fim de semana, ligo a televisão para ver desporto, principalmente futebol.

  Gostava muito que amanhã a guerra da Ucrânia terminasse.

  A pessoa que mais me marcou foi a minha mãe, pelo exemplo de altruísmo. Só pensava no bem-estar dos outros.

  À sombra de uma árvore, leria “Os Cus de Judas”, de António Lobo Antunes.

  Sonho diariamente com um mundo melhor, com menos corrupção e mais justiça social.

  O meu dia não acaba sem ver as últimas notícias na televisão.

  A UMinho é um segundo lar

14-10-2022 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves