Precariedade no ensino superior preocupa sindicato

Decorreu na UTAD, na sexta-feira, uma conferência que teve como objetivo "alertar" e "sensibilizar" o país para o aumento de situações de precariedade no ensino superior. Promovida pelo Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP), a conferência deu conta da "injustiça" que as carreiras de docentes, atualmente, enfrentam, sem contratos estáveis e com carreiras incertas devido a estas situações.

Álvaro Borralho, presidente do Conselho Nacional do SNESUP, deixou claro o facto do ensino superior "não ser as torres de marfim que muitas vezes o acusam ser". Para este responsável, a carreira do ensino universitário e politécnico "é a mais precária da função pública", apesar de ser "a mais exigente" e "a mais qualificada".

Durante a sua intervenção, Álvaro Borralho frisou que "só os professores associados e os catedráticos têm urna proteção especial em termos de contrato laborar, argumentando que os restantes, onde se enquadra a maioria, vivem "em situação de precariedade", "sem contratos permanentes".

Partilhando da mesma ideia, José Abraão, secretário geral do Sindicato Nacional da Função Pública, acrescentou ainda que as pessoas, em situação precária, "não são livres", uma vez que estão sempre dependentes de não saber se têm ou não emprego.

À VTM, Levi Silva, docente da UTAD, referiu que há ainda uma falta de conhecimento, por parte da sociedade, daquilo que acontece no ensino superior e que os deputados do Bloco de Esquerda, Luís Monteiro e Joana Mortágua, "acabaram de difundir um documento a nível nacional que exige a presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, no parlamento, de urgência, para se explicar sobre os casos de precariedade da UTAD".

"Há cada vez mais pessoas a deixar de ter exclusividade e professores auxiliares a passarem a assistentes convidados. Há uma deterioração do trabalho docente no ensino superior como nunca foi vista e, portanto, na qualidade de delegados sindicais, chamamos à discussão este tema".

Em Portugal, "mais de 70 por cento" das pessoas que trabalham no ensino superior não têm contratos permanentes.

João Pedro Baptista Voz de Trás-os-Montes (A) | 6.12.2018