UM DE NÓS Anabela Sampaio

Esta medalha representa 31 anos de trabalho ao lado de pessoas espetaculares”

31-03-2020 | Paula Mesquita

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Atualmente presta apoio administrativo aos professores do Departamento de Engenharia Civil, nomeadamente os do grupo de Hidráulica e no campus de Gualtar, além de dar apoio ao mestrado em Engenharia Urbana e aos seus estudantes

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Anabela Sampaio começou a trabalhar na UMinho em 1988, na Biblioteca Pública de Braga (na foto)

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No 46º aniversário da UMinho foi distinguida por três décadas na função pública, pelo administrador Carlos Menezes

Anabela Sampaio

Nasceu há 54 anos em Barqueiros, Barcelos, e vive há 14 em Amares. Fez a formação em Braga; teve a melhor nota para entrar no Magistério Primário, mas quis procurar emprego. Está na UMinho desde 1988 e, no mês passado, recebeu uma medalha pela sua longevidade ao serviço da função pública e da UMinho. É assistente técnica da Escola de Engenharia e do seu Centro de Território, Ambiente e Construção.

Quando começou a trabalhar na Universidade do Minho?

Em 1988. Candidatei-me, através do Instituto de Emprego, ao Programa de Ocupação de Tempos Livres para maiores de 18 anos.

Quais foram as funções que começou por desempenhar?

Fui colocada no bengaleiro da Biblioteca Pública de Braga, situada no Largo do Paço, em Braga. Durante um ano, recebia e guardava casacos e guarda-chuvas dos utentes. Foi também nesse tempo e no exercício destas funções que conheci o meu marido, com quem partilhei a vida durante 31 anos.

Ao fim de um ano mudou de funções?

Tinha-me candidatado a uma vaga na UMinho e, em abril do ano seguinte, fui a uma entrevista com o sr. administrador, o eng. Aguilar Monteiro, juntamente com o diretor dos serviços administrativos, o dr. José Carlos. Uma semana depois, fui realizar provas práticas à secretaria da então Unidade Científico-Pedagógica das Ciências Exatas e da Natureza, hoje Escola de Ciências (ECUM). Três senhoras, entre as quais a chefe de secção, sra. Thelma Carvalho, pediram-me para datilografar, numa máquina de escrever elétrica com memória, um pequeno texto e depois passá-lo para uma folha. Apesar de amedrontada, a prova tinha corrido bem. A d. Suzete foi muito dócil a explicar-me o funcionamento da máquina e, no final, as senhoras ficaram bem impressionadas com a minha facilidade de aprendizagem.

Ficou com a vaga?

Fiquei, mas só soube o resultado da prova uma semana depois! Fiquei no Departamento de Biologia. Aprendi muito. Devo às colegas de então tudo o que sou como funcionária administrativa, nomeadamente a d. Palmira. O meu marido também me ajudou muito na área informática.

Lembra-se do que sentiu no primeiro dia de trabalho?

Medo de falhar e de não me adaptar. Muito me ajudou a d. Nica, que tinha um espírito despreocupado e me tratava como filha. Costumava dizer-me: “Minha linda, não te preocupes: fazes, fazes, não fazes, deixa andar”. Isso deixava a d. Thelma furiosa! Mas a verdade é que foi esta forma de estar que me facilitou a minha adaptação ao serviço. E porque quem tem vontade consegue, assim eu consegui.

O que fazia no Departamento de Biologia?

Fazia de tudo um pouco: ofícios, documentos de despesa, registo da assiduidade de todos os funcionários e o arquivo físico, que aprendi com o melhor exemplo, a d.Thelma! Era muito exigente e rigorosa.

Assistiu à abertura do campus de Gualtar, em Braga. Como foi essa mudança?

Quando mudei dos pavilhões [junto à Rodovia] para Gualtar, havia pouco mais do que o Complexo Pedagógico I. A secretaria da ECUM funcionava onde existe hoje a secretaria do Departamento de Física. Só alguns anos mais tarde, com a construção das novas alas, é que passamos para o último piso. A universidade crescia de ano para ano e as mudanças seguiam o mesmo percurso, felizmente.

Das Ciências para a Engenharia Civil

Alguns anos mais tarde, mudou de serviço.

Foi a mudança mais dura da minha vida, por ter que deixar a Escola onde me formei, onde aprendi tudo o que sei, entre colegas que faziam com que nenhum trabalho fosse difícil. Nessa altura, era presidente da ECUM o prof. João Ferreira, por quem tenho uma grande estima. Mas a mudança iria necessariamente ajudar-me, pessoal e profissionalmente, pelo que decidi ocupar uma vaga que havia surgido no Departamento de Engenharia Civil (DEC). E foi aí, onde ainda exerço funções, que iniciei em 2002 uma nova etapa profissional dentro da UMinho. Tenho como responsável direto um professor com um coração enorme, o prof. José Luís Pinho, e contacto diariamente com um grupo de docentes que têm sido um apoio fundamental na minha vida.

Que funções desempenha no DEC?

São funções mais simples, se comparadas com as que exercia na ECUM. Presto apoio administrativo aos docentes do campus de Gualtar, nomeadamente aos do grupo de Hidráulica, além de dar apoio administrativo ao mestrado em Engenharia Urbana e apoio aos estudantes do mestrado.

Qual foi o momento que mais a marcou ao longo do seu percurso profissional?

O nascimento dos meus filhos. Tornaram-me uma pessoa diferente. Melhor. São a minha lufada de ar fresco. Permitiram-me valorizar ainda mais a vida no seu todo e deram-me a motivação para eu continuar a trabalhar e a aprender mais.

No dia 17 de fevereiro, recebeu a medalha pelos 30 anos ao serviço da função pública e da UMinho. Que significado tem para si?

Apesar de a ter recebido numa altura muito triste da minha vida, esta medalha representa 31 anos da vida a dois e 31 anos de orgulho ao serviço da UMinho. Lembra-me momentos únicos, em que trabalhei com seres humanos espetaculares: o professor Sérgio Machado dos Santos, primeiro reitor com quem me cruzei, a professora Isabel Calado Ferreira, mulher determinada, o professor José Borges de Almeida, a professora Graciete Dias, exemplo de rigor e correção, a professora Cecília Leão, doce no tratamento de todos, o professor João Ferreira, pessoa da calma e de trato fácil, e os professores José Vieira e José Cardoso Teixeira, de qualidades excecionais nos destinos do DEC. Teria mais pessoas fantásticas para enumerar que tanto foram importantes para mim, como para a própria UMinho que, em parte, lhes deve, volvidas estas décadas, a dimensão enorme perante a sociedade, Portugal e o mundo.

Que planos tem para o futuro?

Pessoalmente, pretendo reorganizar a minha vida e reaprender a caminhar, agora só com os meus cinco filhos. Quero viver para eles e ajudá-los na sua formação académica, para que tenham um futuro bom. Tratar e zelar por tudo o que consegui construir em conjunto com o meu marido. Profissionalmente, continuarei a cumprir com o meu dever de funcionária da UMinho e a contribuir para a sua missão.

  Características pessoais

  Um livro. Os salmos da "Bíblia".
  Um filme. "Música no coração", de Robert Wise.
  Uma música. “The power of love (I am your lady)”, de Céline Dion.
  Uma figura. O Papa Francisco.
  Um passatempo. Fazer croché. Agora muito pouco.
  Uma viagem. Itália.
  Um clube. O meu primeiro amor: Sporting Clube de Portugal!
  Um prato. Arroz de marisco. Feito pelo meu marido.
  Um momento. O nascimento do meu primeiro filho, pela dádiva da maternidade, e do último, que 18 anos depois me
  proporcionou outra forma de ser Mãe; mais intensa.
  Um vício. Chocolate branco.
  Uma característica. Persistência. Defino-me pelas palavras da minha irmã: “Nenhuma batalha nos é dada sem nos
  ser dada também a capacidade e força de a ultrapassar
  Um sonho. Ser avó!
  Um lema. Retidão e justiça e nunca, mas nunca, baixar os braços.
  A UMinho. A minha segunda casa, a que dediquei já, com orgulho, metade da minha existência. 

31-03-2020 | Paula Mesquita

NÓS - Jornal Online da UMinho | nº 95 | março'2020